A Liturgia na missa para as crianças precisa ser algo mais que um rito, é algo belo, talhado na pedra, moldada no barro... quase uma poesia.
As crianças são fios tênues que precisam ser alimentados para se tornarem rígidos e fortes.
Quando chegam à igreja, querem algo mais que imagens e palavras mal entendidas para suas mentes ainda em formação.
Elas precisam de objetividade, gostam do real, daquilo que elas entendam e que as levem a participar e aprender brincando. Gostam de estar felizes e felizes cantar. ... Precisamos buscar na pedagogia de Jesus Seu jeito de contar histórias, encantar e ser como as crianças.
Falar a linguagem delas, com palavras que possam entender, saber acolhê-las com alegria, carisma e criatividade.
Quando se pensa em liturgia infantil, podemos fazer uma analogia ao trabalho do tecelão ao fazer uma colcha no tear.
É preciso avaliar a linha do tempo,o desenho a ser realizado, o preparo do que é melhor, o cuidado com os fios mais nobres misturados aos mais finos e fracos, proporcionando um encontro harmonioso, de cores vivas, alegres, sortidas e variadas, perfeito para o tear.
Para tanto é preciso cautela, dom, jeito firme e aprendizado constante. A pedagogia tem que ser simples, clara, objetiva e criativa, assim como nos teceu Jesus numa vida nova.
Na acolhida, preparamos o fio, o entrelaçamos junto aos outros, carinhosamente o chamamos à sua finalidade... sua missão... para que ele se sinta parte daquele trabalho.
No Ato Penitencial, vamos preparar esse fio para a dureza da agulha, que por vezes fere, machuca... Muitos fios são frágeis e podem até se romper nessa fase... Refletir, mostrar o lado certo do caminho para realizar a missão, para se distanciar da aspereza do tear...
A liturgia da Palavra é o trecho da paciência... Saber ouvir, ter a arte da persistência... Parar e buscar observar que existem inúmeros fios que transitaram por esse mesmo tear e conseguiram realizar bem sua missão... é o testemunho.
O fio obediente traz arte dentro de si, é só deixá-lo se descobrir para que ele faça do seu trabalho uma obra-prima.
Cada fio carrega o dom de ser feliz, de se fazer ouvir e ser ouvido, amado... Traz bagagem pequena que precisa ser alimentada pelo dono da Palavra no evangelho. Cada Palavra enche o fio de esperança... Cada nova mensagem enriquece a vida dos pequenos e frágeis fios.
Dessa forma ele descobre o quanto é bonita a missão do tear, o quanto é necessária sua participação.
Então é chegada a hora da entrega, do ofertório... Dar-se como presente numa vida nova, passar de fio para manta sabendo que mãos especiais trabalharam por ali,naquela transformação.
A comunhão pode ser sentida como a missão que se cumpriu, como a fusão dos fios em harmonia... É participar do mistério do tear e ser um com ele.
E o fio agradecido, num último momento, numa ação de graças, se vê forte, unido a toda a trama do tear, unido num só Corpo.
Na realidade do momento, é preciso levar em conta que nossas crianças são como todas as outras, inquietas e, por isso precisamos cativá-las com músicas animadas, com gestos e muita participação. Associar sua imagem cheia de vida ao nosso Deus Vivo, Aquele que acolhe primeiro, sem jeito de juiz... o Pai Bondoso... Aquele que muito oferece, mas também espera uma resposta de cada um de nós... quer amor... quer ser ouvido... quer ser entendido...
Saber se sentar para ouvir, calar para perceber as palavras e deixar o coração filtrá-las nem sempre é uma tarefa fácil, por isso é preciso que tudo seja envolvido no jeito de ser da criança, acessível para sua linguagem e interesse.
Ensinar o momento de louvar, de brincar, cantar, participar, calar e adorar...
Linha dura não funciona, nem amolecer dá certo... É preciso ter a dosagem certa ... Tornar aquele momento uma aprendizagem.
Criança ouve pouco, vê muito e quando gosta do que vê, sabe contar, sabe guardar e sabe viver o que aprendeu.
É preciso trabalhar com coerência, sempre se avaliar, ser como estes pequenos de Deus .
Sorrir muito... elogiar... abraçar... pois um abraço vale mais que muitos discursos e fazem das crianças grandes ouvintes, eternos cristãos, difusores da verdade de Jesus e leigos ativos na comunidade.
Na prática, temos seguido um caminho que lhes pode ser útil. Vamos abordá-lo por tópicos bem objetivos :
- Primeiro é preciso escolher um tema que seja trabalhado durante toda a celebração e seja encontrado em uma análise das leituras ou proposto pela liturgia vivida na Igreja.Escolhido esse tema, é preciso traçar uma linha para que os momentos da liturgia se integrem a ele.
- Na acolhida, o tema é apresentado de forma concreta com jogos, brincadeiras, adivinhações, etc.Este é um momento em que elas ainda estão chegando tímidas e precisam de incentivo para participar. Tomemos como exemplo a “Parábola do Filho Pródigo”, onde as escolhas de vida se tornam importantes, poderíamos usar o jogo do SIM_SIM-NÃO-NÃO, onde uma criança , com os olhos vendados vai escolhendo objetos através de trocas, de modo bem lúdico, com objetos engraçados para que aprendam brincando como as escolhas precisam ser feitas com olhos bem abertos, ouvindo os conselhos daqueles que nos amam...
- Esta acolhida é logo alinhavada a um canto alegre de entrada, buscando a participação das crianças, porque a música é elemento essencial de toda a missa e visa maior interação entre elas, por isso não se canta para elas, mas COM elas. Geralmente fazemos lâminas ilustradas em transparências.
- No Ato Penitencial há sempre uma reflexão fazendo oposição ao que foi apresentado na acolhida, como no exemplo citado, as escolhas, seriam as más escolhas, geralmente usamos técnicas como desenhos em transparências, às vezes animados, recortados e andando sobre a lâmina, sugerindo assim que precisamos ouvir a voz de Deus para estarmos em sintonia a Sua vontade, reconhecendo que precisamos pedir perdão a Ele por nossos erros.Ele é o Pai bondoso que sempre vai nos acolher novamente.
- Na Liturgia da Palavra , a leitura é introduzida com um breve resumo, onde as crianças possam captar a mensagem principal. Se o texto for figurativo, podemos ilustrá-lo com desenhos em transparências. O recurso da procissão da Palavra preferimos usar em datas especiais.
- O Evangelho segue a mesma linha e sua mensagem é trabalhada numa história que poderá ser apresentada numa encenação (com a participação das crianças ou não), ou fantoches, materiais apresentados sobre uma mesa representando os personagens, lâminas ou qualquer outro meio do qual possamos lançar mão para uma melhor fixação da mensagem. Poderão ser adaptações de contos de fada inseridos na realidade da comunidade, fábulas com personagens trocados, objetos inanimados que criam vida e sugerimos como subsídio o livro “A Missa com Alegria” lançado por nós, onde desenvolvemos algumas técnicas e acompanha o ano Litúrgico.
O fechamento da historinha precisa ser feito de modo que a mensagem não se perca apenas numa brincadeira.O ideal seria que o próprio celebrante o fizesse, quando existir envolvimento com a equipe.
- No Ofertório buscamos elementos do tema para serem ofertados pelas crianças junto ao Pão e o Vinho para que se sintam participantes, além da oferta material. Como no exemplo da “Parábola do Filho Pródigo”, poderíamos estar oferecendo os elementos do retorno do filho, como as sandálias, túnica, anel e o abraço do Pai no Pão e no Vinho.
- No Abraço da Paz pode-se fazer o abraço especial do padre às crianças, abençoando-as uma a uma, ou mesmo isso poderia ser feito na hora da Comunhão àqueles que ainda não participam dela. Outra opção seria convidá-las a cantar com alegria na festa da comunhão, celebrando aquele momento.
- Na Ação de Graças há o fechamento de toda a mensagem desenvolvida na missa com uma oração, reforçando nossa vontade de crescer e caminhar mais fortes na direção de Deus.
Fonte: Renovação Carismática Católica do Brasil - www.rccbrasil.org.br
adorei seu modo de explicar vou falar com crianças e usar seus ensinamentos obrigada. Que Deus a ilumine em sua missão. Meu abraço carinhoso a uma pessoa tão especial
ResponderExcluirBoa noite.
ResponderExcluirEstou em busca de livros que a igreja nos ofereça para a missa com crianças.
A maior dificuldade é saber qual a idade mínima que uma criança precisa ter para ser leitor.
Só para deixar claro, que estou me referindo a missas de crianças, mas que adultos também participam
Se tiver algum material, gostaria de recebê-lo
ATT : AFONSO
CONTATO (94)991235254
Oi, Afonso! Isso vc não vai encontrar em nenhum livro. O critério não seria a idade, mas a criança saber ler e ler bem, de maneira clara e correta. Na parte superior do blog, tem uma aba "Missa com Crianças", lá tem o link do Diretório para Missa com crianças da CNBB
ResponderExcluir